sexta-feira, dezembro 29, 2006
2007
Pois é, num piscar de olhos..
Hoje, 29 de dezembro, 14:44..
falta muito pouco para que este ano deixe de ser simplesmente o ano em que vivemos para ganhar o caráter "velho", e que se iniciem os rituais de celebração do "novo". A sede pelo novo Ano, todos sedentos pelo futuro transferindo suas esperanças e expectativas.. Confesso que comigo não é muito diferente, a esperança e as vibrações pela positividade, pela felicidade é incessante. Resolvi publicar o que estava guardado na gaveta e que faz parte "desse ano" para que seja expressado em seu momento, e evitar possível má sorte.. E depois refletir sobre os acontecimentos marcantes ou não de um ano tão complexo na vida de minhas retinas tão fatigadas..
O que foi e o que pretende ser?
Complexidades, crescimentos..
nascimentos, rompimentos.
janeiros suspensos
"Não quero medir a altura do tombo"
em cada surto lágrimas contidas...descasei, joguei..
Desisti.
A descoberta de sentido.
Insisti.
Viagens, sempre viagens por mim mesma, pelos outros
pela busca do Eu, do Outro..
Intermédio.
Revoltas, revoluções não televisionadas, sequer anunciadas..
Risadas disparadas, abraços compartilhados, bons fluidos, experiências divididas, esperanças desconhecidas..
Cores de Almodóvar, cores de Frida Kahlo, cores..
Eu inteira, intensa, descalça entrando em mares nunca antes navegados
pra o que der e vier transbordando sorrisos..
Ao lado de pessoas extraordinárias!
E que 2007, Ano das Transformações, venha transmutando o que precisa ser mudado.
Eu permaneço na busca do desconcertante, do despudorado,
porque a vida não pede licença.
E mais uma vez: (para os que gostam) sou mais um barquinho de papel lançado no mar em forma de oferenda.
Na deriva desconcertante com quem não quero deixar de acompanhar,
rogo para que minha presença possa seguir imutável nesse ano de mudanças.
Contos esquecidos (numa gaveta distante)
Um texto
Agarrou com uma tal força que não permitia que
ela se desvenciliasse
segurava com força seu corpo
apertava contra ele o corpo
frágil de menina moça pedindo
para ser devorada.
ela só queria conversar
ele queria alguém para
satisfazer-lhe
sem ter que pagar por isso
utilizou seus serviços como se fosse
um direito
não pedia
forçava
ela não soube o que fazer
sua força fisica era capaz de calà-la
ela só queria conversar
então fechou o ziper de seu jeans de festa
ela confusa
usada
puta
sem ser paga
nada lhe restava
a não ser arrumar os cabelos
limpar
em vão
as marcas de batom
borrado.
do filme Amores Brutos de Alejandro González
sábado, dezembro 23, 2006
Fugacidade
Entorpecido
vida se resumindo a
problemas sucedidos
e só há um lado
porque o outro é
inexistente
tudo se esquece
os esquecidos
cansaço
muito cansaço
num piscar de olhos
passa-se de sujeito a
objeto
não há meios, nem motivos
sucessão de indisposições
fugacidade
será que um dia te acompanho?
nada é o bastante
mesmo que eu
me esvaísse
ainda assim
não seria o
suficiente
nada
nunca.
quarta-feira, dezembro 20, 2006
À Flor da Pele
Que me bole por dentro, será que me dá? Que brota
à flor da pele,
será que me dá
E que me sobe às faces e me faz corar
E que me salta os olhos a me atraiçoar
E que me aperta o peito e me faz confessar
O que não tem mais jeito de dissimular
E que nem é direito ninguém recusar
Que nem dez mandamentos vão conciliar
Nem todos os ungüentos vão aliviar
Nem todos os quebrantos, toda alquimia
Que nem todos os santos, será que será
O que não tem limite...
Maybe Tomorrow..
segunda-feira, dezembro 18, 2006
Sorrisos, só risos, sou risos
quinta-feira, dezembro 07, 2006
Divagando, devagar...
Nunca fui daquelas pessoas que acreditam no primeiro
sorriso desperdiçado na esquina
Desconfio, desconfio até de mim mesma
Porque e se eu me escondesse de mim mesma?
Eu poderia?
Aí pensariam me conhecer
Ih! tudo balela...
Mas o que acontece é que em toda
esquiva há sinceridade
E em cada resposta há sinceridade
e se não há resposta há sinceridade.
Meu silêncio é sincero.
Silencio, rasgo suas correspondências a mim endereçadas
porque seus transbordamentos superficiais secaram
com o mundo dos negócios.
O que resta?
"Baby, vamos ao cinema, a vida é cinema já vi esse filme..."*
E só. De sós e
sempre.
*O Mundo dos Negócios - Zeca Baleiro explicando como a lógica do capital pode interferir, inclusive, em relações amistosas que se pretendiam minimamente.
terça-feira, novembro 28, 2006
"Dentro da Noite Veloz" ou "Na Vertigem do Dia" *
Eu vou indo, e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro. E você?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranqüilo, quem sabe?
Quanto tempo...pois é, quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios...Oh! não tem de quê
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo, talvez nos vejamos
Quem sabe?
Quanto tempo...pois é, quanto tempo...
Tanta coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança
Por favor, telefone, eu preciso beber
Alguma coisa, rapidamente
Pra semana...
O sinal...eu procuro você...
Vai abrir...
Prometo, não esqueço
Por favor, não esqueça
Adeus,Não esqueço, adeus
[Sinal Fechado - Paulinho da Viola]
*duas obras de Ferreira Gullar
quinta-feira, novembro 16, 2006
Silencio
nem nunca houve
Todos sabemos
sobre os preços que
comandam as trocas
Trocas nem sempre
se fazem na mesma
proporçâo
medidas
desmedidas
A alteridade reforça
a identidade esteriotipada
estigma
porque säo estigmatizadas?
por que estigmatizam?
que porra è essa?
Sò a realidade
senta-te,
hà uma garrafa de ilusäo
sobre a mesa da mentira
pega teu copo
acende teu careta
que a hipocrisia tem seguido seu
reinado
Näo reines
nem tampouco sejas sùdito
pega as poucas pratas que ainda restam
vais ver o mar, vais ouvir a chuva
pöe teu nariz de palhaço
que a pessoa è para o que nasce
e isso ninguèm ensina
derrubas o rei a teu modo.
sexta-feira, novembro 10, 2006
Andanças
Andando pelo mundo, divertindo gente
se divertindo
sentindo saudade
pensando em quem poderia estar fisicamente presente
pra dividir a alegria
Anoiteceu, eu preciso ir
Vou ser feliz e já volto...
domingo, novembro 05, 2006
Caminhos
Você me pergunta aonde eu quero chegar,
se há tantos caminhos...
O caminho do fogo é a água
Assim como
O caminho do barco é o porto
O caminho do sangue é o chicote
Assim como
O caminho do reto é o torto
O caminho do risco é o sucesso
Assim como
O caminho do acaso é a sorte
O caminho da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte
[Caminhos - Raul Seixas]
E talvez hoje meu caminho fosse
aquele das árvores crescendo
e do casal de corujas marrons com
os três filhotes cinzas
A chuva caindo despreocupada
o frescor do vento
e os pés descalços
ouvindo histórias.
sexta-feira, novembro 03, 2006
A negação
os lances são medidos pelo melhor disfarce de lobo em pele de cordeiro.
Não, não sou lobo e muito menos tenho pele de cordeiro.
Não, agradeço. Mas não me interesso por títeres,
nem de sê-los ou movê-los.
Desculpe-me, mas recusarei jogos e doçuras transbordando sordidez.
Não, não me interesso. Não, não me disponho.
Não costumo acender velas para Deus e para o diabo simultaneamente.
Não, me incomodo. Detesto sutilezas incoerentes
quero antes a existência nua e crua sem difarces agradáveis que mascarem a violência e mesquinhez contida.
Vamos pedir piedade, senhor piedade
que toquem o blues da piedade
porque eles sabem o que fazem
Mas não percebem tal ridícula
demonstração de estupidez.
[Visceralmente escrito em abril de 2006, politicamente aplicável em outubro de 2006.]
Resposta
Uma pena! Falta de entendimento e aproveitamento...
Tantas coisas em comum, não comuns..
Presentes, contas, conchas, confetes..
livros, velas, flores, colares..
Amor de mentira, de verdade, descobertas...
Eu não disse, mas avisei que um dia me cansaria..
Talvez tenha chegado ou não o dia.
O meu esforço sem o seu, o meu amor e não o seu.. A tentativa, a esperança, palavras de conforto, ilusões todas rebatidas, arrebatadas
por sua verdade intransigente absoluta..
Minha perda de controle em silêncio.
Talvez a indiferença fosse desejada.. Pura carência? Revestida de mágoa e descrença por esse mundo mudo?
Mas não foi só o mundo, agora fui eu quem emudeci. E não poderei, talvez, acenar no porto para você, porque na verdade, quem vai partir sou eu..
Tudo, tudo, tudo, esse todo transformado em coisa alguma, porque antes de começar já havia acabado, não é?
Os irmãos sonhadores transformados em meros desconhecidos desprovidos de qualquer empatia.
Mas não foi só você, eu também arquitetei a ruína.
E eu não disse, apesar de ter avisado..
quinta-feira, novembro 02, 2006
Viver não Existe???
A ausência da evidência não é a evidência da ausência, como repetiu aquele sábio homem inspirado por um astrônomo, ou não...
Primeira experiência teatral da Trupe do Urubu, segunda experiência de uma pisciana típica ou torta, como quiser, apaixonada por Clarice Lispector, atormentada com questões existencias, crises identitárias, questões de alteridade, além das questões de passividade e transformação em constante mutação, mas sempre em busca de ações para melhoras mesmo que sejam na instância do micro, ou seja, buscando o processo; ou não..
terça-feira, outubro 31, 2006
Quem te viu, Quem te vê
Você era a favorita onde eu era mestre-sala
Hoje a gente nem se fala mas a festa continua
Suas noites são de gala, nosso samba ainda é na rua
Hoje o samba saiu, lá lalaiá, procurando você
Quem te viu, quem te vê
Quem não a conhece não pode mais ver pra crer
Quem jamais esquece não pode reconhecer
Todo ano eu lhe fazia uma cabrocha de alta classe
De dourado eu lhe vestia pra que o povo admirasse
Eu não sei bem com certeza porque foi que um belo dia
Quem brincava de princesa acostumou na fantasia
Hoje eu vou sambar na pista, você vai de galeria
Quero que você me assista na mais fina companhia
Se você sentir saudade por favor não de na vista
Bate palma com vontade, faz de conta que é turista
[Chico Buarque]
segunda-feira, outubro 30, 2006
Sobre Voar, Sobrevoar
Eles passarão...
Eu passarinho!"
[Mário Quintana]
quarta-feira, outubro 18, 2006
E Agora?
onde eles estão pra te proteger agora?
O quê..vc não sabe se defender? Azar o seu..continuaremos vomitando...verdades nessa sua cara lavada..deslavada pela vergonha hipócrita desse mundo - mudo..
Vê se muda, sacode o mundo se enfia no jogo pra sair perdedor e perder todo esse nada que você já tem.. Eu odeio...eu odeio..talvez eu seja..ou será que é você? Ou será que somos todos nós..tá tudo errado! tá tudo sem sentido.. fomos nós os banidos daquele paraíso detraído..foda-se...azar o seu!?
E AGORA, JOSÉ?
A festa acabou, a luz apagou, o povo sumiu, a noite esfriou, e agora, José?
e agora, você?
que zomba dos outros,
sua biblioteca, sua lavra de ouro, seu terno de vidro, sua incoerência,
e agora?
A Vela da Agonia
O REI DA VELA [Oswald Andrade]
ABELARDO I
[...] Nós dois sabemos que milhares de trabalhadores lutam de sol a sol para nos dar farra e conforto. Com a enxada nas mãos calosas e sujas.
HELOÍSA
[...]E você não teme nada?
ABELARDO I
Os ingleses e americanos temem por nós. Estamos ligados ao destino deles. Devemos tudo, o que temos e o que não temos. [...]
E sintetiza:
ABELARDO I
...Os países inferiores têm que trabalhar para os países superiores como os pobres trabalham para os ricos. Você acredita que Nova York teria aquelas babéis vivas de arranha-céus e as vinte mil pernas mais bonitas da terra se não se trabalhasse para Wall Street de Riberão Preto à Cingapura, de Manaus à Libéria? Eu sei que sou um simples feitor do capital estrangeiro. Um lacaio, se quiserem! Mas não me queixo. É por isso que possuo uma lancha, uma ilha e você.... (...)
HELOÍSA
Ficaste o Rei da Vela!
ABELARDO I
Com muita honra! O Rei da Vela miserável dos agonizantes. O Rei da Vela de sebo. E da vela feudal que nos fez adormecer em criança pensando nas histórias das negras velhas... Da vela pequeno-burguesa dos oratórios e das escritas em casa.... As empresas elétricas fecharam com a crise... Ninguém mais pôde pagar o preço da luz... A vela voltou ao mercado pela minha mão previdente. Veja como eu produzo de todos os tamanhos e cores. Para o Mês de Maria das cidades caipiras, para os armazéns do interior onde se vende e se joga à noite, para a hora de estudo das crianças, para os contrabandistas no mar, mas a grande vela é a vela da agonia, aquela pequena velinha de sebo que espalhei pelo Brasil inteiro... Numa páis medieval como o nosso, quem se atreve a passar os umbrais da eternidade sem uma vela na mão? Herdo um tostão de cada morto nacional! (...)
ABELARDO II
Só se pode prosperar à custa de muita desgraça. Mas de muita mesmo...
sexta-feira, outubro 13, 2006
Fluxo de Consciência
sentava em sua poltrona vermelha desbotada pelo
atrito dos anos que não vieram
Refletia
O espelho também refletia
Perguntava se os olhos estariam vazios
E alucinava sobre o espírito envelhecido
Medo
Incapacidade
Sem anseios ou recusas
Não havia revolta
apenas estranheza
Descolamento, o não pertencer que anula
Incompreensão diante da neutralidade
absolutamente vazia e estúpida
Eu sei que você luta
mas tenho medo que um dia você cesse
tenho medo daquele semblante
em esgotamento - um
dia lhe disseram.
E como há muito tempo não,
viu-se em lágrimas
O caos tornou-se razão
E soube que recusa metades
e sabe que quem teme o mar não vai à praia
E mais do que isso
tem certeza de que não teme o mar
é para ele uma oferenda
pronta a ser engolida
E os pés sempre descalços..
Toda Nudez Será Castigada
Sobre uma das melhores peças de Nelson Rodrigues (1912-1980) a respeito da estreita ligação entre o puritanismo e a sexualidade exacerbada:
" O que Herculano e Geni vivenciam em Toda Nudez Será Catigada é o que qualquer relação amorosa, de uma ou outra maneira, já experenciou: que amar é, também, esperar pelo outro que virá ou não virá, que me reconhecerá ou não me reconhecerá. E esperar pelo outro, o que parece um intervalo, um momento de vácuo, uma saudade, é, enfim o que se chama "vida" - cheia de um misto de dúvidas, pequenas traições e uma imensa solidão. " [Paulo de Moraes - diretor]
quinta-feira, outubro 12, 2006
O Intermediário
anseios: pés descalços pisando grama fresca e água límpida.
recusas: meias-palavras, meia-vida, metades.
segunda-feira, outubro 09, 2006
Disritmia
a música afiada
caótica afinação
um peito inflado
súplica pelo punhal guardado ao lado
abrir-se para poder transbordar
alívio?
sexta-feira, outubro 06, 2006
Ela Disse Assim
É porque é
É porque é
Não há desespero em vão
Se ela quer voar
É porque tem asas
É porque tem asas
Não não não
Quando a gente voa
Distante e só
Tão distante e só
O sol não vem e a luz que cai
Nunca mais voltou
Nunca mais voltou
Não não não
[Cordel do Fogo Encantado]
terça-feira, outubro 03, 2006
Adoráveis Ilusionismos
Um- Então você é o que de mim?
Outro - Hmm..(compenetrado, tentando definir-se)
Um - ... (aguardando ansioso pela resposta)
Outro - Já sei.. Sua borboleta! Sou sua borboleta!!
Um- Agora minha mãe já pode ficar mais tranqüila, quando ela me perguntar
direi a ela que você é minha borboleta!
Tempo depois
Outro - (levemente fora de si) Você é muito importante pra mim..
Um - Eu te amo...(pausa) mesmo sem saber quem eu sou direito..
segunda-feira, setembro 25, 2006
Noite - Leve - Tateando
Corre calma Severina noite
De leve no lençol que te tateia a pele fina
Pedras sonhando pó na mina
Pedras sonhando com britadeiras
Cada ser tem sonhos a sua maneira
Cada ser tem sonhos a sua maneira
Corre alta Severina noite
No ronco da cidade uma janela assim acesa
Eu respiro seu desejo
Chama no pavio da lamparina
Sombra no lençol que tateia a pele fina
Sombra no lençol que tateia a pele fina
Ali tão sempre perto e não me vendo
Ali sinto tua alma flutuar do corpo
Teus olhos se movendo sem se abrir
Ali tão certo e justo e só te sendo
Absinto-me de ti, mas sempre vivo
Meus olhos te movendo sem te abrir
Corre solta suassuna noite
Tocaia de animal que acompanha sua presa
Escravo da sua beleza
Daqui a pouco o dia vai querer raiar
quinta-feira, setembro 21, 2006
terça-feira, setembro 19, 2006
Nas Selvas Das Cidades
[Bertold Brecht]
Quando as luzes se apagam, eu tento em vão fechar meus olhos,
ouvidos, me protegendo dos golpes desfechados de palavras afiadas.
Cortante..
É em vão.. Permaneço sem poder ou querer estar presente,
imóvel, calada... espectadora - no escuro.
Quando as luzes se apagam a poesia é dura, num diálogo curto
mas de duração longa... ecoando vazio..
ELA - Posso apagar a luz do corredor? (caminha em direção ao corredor)
A OUTRA - Por que você não acende uma vela? Pra você? (pausa)
Defunto precisa de vela... você já morreu... Tá morta!
ELA - (silêncio profundo - suspiro baixinho.. choro entranhado)
Eu sem querer nem poder estar presente
medo de sê-la ou a outra
sexta-feira, setembro 15, 2006
Pessoas Extraordinárias
quinta-feira, setembro 14, 2006
Silêncios e Sussurros
O Inexistente
Repetição - - - Repetição - - - Repete
É só a Primavera chegando
e me dando coisas..
Como dizia Clarice,
" Sinto que viver é inevitável. Posso na Primavera ficar horas sentada fumando,
apenas sendo. Ser às vezes sangra. Mas não há como não sangrar, se é no sangue que sinto
a Primavera. Dói. A Primavera me dá coisas.
Dá do que viver. E sinto que na Primavera um dia irei morrer.
De amor pungente e coração enfraquecido."
terça-feira, setembro 12, 2006
Atendendo ao Chamado da Lua
Hoje eu Quero Sair Só
[Lenine]
Se você quer me seguir,
Não é seguro.
Você não quer me trancar
Num quarto escuro.
Às vezes parece até que a gente deu um nó,
Hoje eu quero sair só...
Você não vai me acertar
À queima-roupa,
Vem cá,
me deixa fugir,
Me beija a boca.
Às vezes parece até que a gente deu um nó,
Hoje eu quero sair só......
Não demora eu tô de volta...
Tchau!
Vai ver se eu estou lá na esquina,
Devo estar
Tchau!
Já deu minha hora
E eu não posso ficar.
Tchau!
A lua me chama, eu tenho que ir pra rua
tchau
hoje eu quero sair só..
terça-feira, agosto 29, 2006
Presto atenção no que eles dizem mas eles não dizem NADA ...
Hoje: ATO no Largo de Pinheiros CONTRA TODOS ELES (??)
Hoje: Pela RE-fundação do Brasil!
Brasil vermelho
Socialista INTERNACIONALISTA (????????)
HOJE: eu DIVIDIDA e ENDIVIDADA como quase todo BRASILEIRO
HOJE: eu quero que todo mundo VÁ PRA PUTA QUE PARIU
ELEIÇÕES 2006 - NENHUM, NENHUMA E A NOSSA CONDIÇÃO
domingo, agosto 27, 2006
Sábado, dia 25 de Agosto: Dia de Mascarar o Consumismo
sua intenção através de apelos solidários..
Venha comer no Mc Donald´s para ajudar as crianças com câncer..
e porque não dizer, então:
Obrigado por fumar..
sexta-feira, agosto 25, 2006
O limiar... Alteridade... identidade... limiando
Nem sou o Outro.
Sou qualquer coisa de
Intermédio
Pilar da ponte de Tédio
que vai de Mim
para o Outro [Mário de Sá Carneiro]
Nem Eu, nem o Outro
Nem Tese nem Antítese,
Então a Síntese,
que já é a convergência dos elementos
E que já não encontra oposição
Seria o limiar?
O limiar tênue..
O fim da História?
(silêncio, silêncio profundo)
Espanto
terça-feira, agosto 22, 2006
Belas Tradições Africanas
"Quando alguém pensa uma coisa e diz outra, separa-se de si mesmo.
Rompe a unidade sagrada, reflexo da unidade cósmica, criando desarmonia
dentro e ao redor de si." [Amadou Hampaté Bâ]
Da Infalibilidade do Homem
"Isto é o que eu estou acrescentando, isto é o que estou dizendo. Não sou infalível,
posso estar errado. se estou, não se esqueçam de que, como vocês, vivo de um punhado de painço, de uns goles de água e de alguns sopros de ar. O Homem não é Infalível!"
Comunhão
"A Vida é eterno vaivém,
Permanente doação de si."
Outros versos [meus]
tem o poder de criar precipícios, quando no fundo deveria perguntar-se
se não o era. Não batas na boca, não precisa se calar..
Não transforme em abismo sem ao menos descobrir o sentido da
condição..
Seu medo traz consigo uma ameaça que se distribui gratuitamente a tudo
que se diferencia de maneira importante.
Não é minha consciência, é a sua, o inferno não é unicamente de minha
autoria.
Não coloque rótulos os quais eu não possa bancar.
O mundo é hostil, já lhe avisara antes, a irrealidade é pesada mas
a estranheza não é minha apenas.
Me dê a mão, vamos sair pra ver o sol,
as pétalas no chão despedaçadas não privam a beleza
da copa em flores..
Há beleza,
Aliás
há beleza demais para desistir
Stay.
Uns Versos [Adriana Calcanhoto]
Se você quiser dormir
Eu me despeço
Eu em pedaços
Como um silêncio ao contrário
Enquanto espero
Escrevo uns versos
Depois rasgo
Sou seu fado, sou seu bardo
Se você quiser ouvir
O seu eunuco, o seu soprano
Um seu arauto
Eu sou o sol da sua noite em claro,
Um rádio
Eu sou pelo avesso sua pele
O seu casaco
Se você vai sair
O seu asfalto
Se você vai sair
Eu chovo
Sobre o seu cabelopelo seu itinerário
Sou eu o seu paradeiro
Em uns versos que eu escrevo
Depois rasgo
Reclames, Desejos Vãos e Só
no mundo pós-moderno.
domingo, agosto 06, 2006
Cores
uma menina..aliás menininha que ´inda desconhece
muito das peças da Vida
Mas uma coisa aprendi:
aprendi que muitas das certezas Dela são apenas
ilusões que voam nas asas do Tempo
Mas não temo tanto as ilusões, temo´inda mais as certezas
que se julgam imutáveis
Metamorfoseamo-nos a cada instante fugidio, sorrisos
ou inspirações
E o temor de algumas certezas incertas não me atinge,
´inda resta muita esperança nesse peito confuso e cansado
Com toda a desordem e caos
meu mundo gira em silêncio colorido
Mãos encantadas dão pinceladas delicadas, com algumas distorções
numa leve brutalidade traçadas
que conferem uma espontaneidade e realidade à abstração da tela
sábado, agosto 05, 2006
T R A U M A (Tentativa de Realizar Algo Urgente e Minimamente Audacioso)
Dele retiro a citação:
" O que é o HOMEM ? Comecei:
Como pode haver no mundo isso
Que fermenta como um CAOS
Ou se DETERIORA como uma árvore podre,
E NUNCA AMADURECE ? "
sexta-feira, agosto 04, 2006
A Frialdade de um Dia
Na minha frente a realidade, pesada, se despedaça.. é a corrupção dos corpos, das
almas, e nada parece caminhar em direção a freios ou comedidas moderações..
Só a aceleração é real.. real e anulante
Lá fora as flores desabrocham, aqui não chove há semanas..
Lá fora se discute as lutas e as classes num autoritarismo alienante
Aqui o ceticismo impera, busca-se o processo?
E a cegueira.. imaturidade?
Perdão.. perdão por minha heresia..
É que nada se faz palpável, e eu nem ao menos gostaria
E meu mundo gira em silêncio colorido,
o temor de tornar-se preto e branco intimida
Até a intimidação pode ser descartável..
Tortuosa inexistência..
quarta-feira, julho 19, 2006
Dom Quixote
Velho postal
amor banal
Sem nenhum valor
Nessa noite
Meu pobre amor de papel
Esqueça a cor
Do anúncio lá do céu
Na arcada principal
Secreto mal
Numa noite de néon
De papel crepom
O mar vai e volta vai e volta
Com o gosto
Do licor que ficou da tua boca
Do suor que ficou na minha boca
Vai deixando minha parba voz de louca...
Louca louca louca louca louca louca
[Ney & Raimundo - Postal de Amor]
Salvador Dali - banhado/banhando em sangue..
O Ato de Traduzir-se
Às vezes procuro desvairadamente tua mão desconhecida,
aqui a encontro..imaginária..As letras são tuas mãos que me conduzem a alguma
ordenação..organização de mim mesma.. desorganizada.. me reorganizo para
enfim fazer algum sentido para ti. As letras me distanciam e me aproximam
inevitavelmente de mim mesma.
" Dá-me a tua mão desconhecida, que a vida está me doendo, e não sei como falar -
a realidade é delicada demais, só a realidade é delicada, minha irrealidade e minha
imaginação são mais pesadas. " [A Paixão Segundo G.H.]
terça-feira, julho 18, 2006
sábado, julho 15, 2006
E Viva o Saudosimo!! Vivo na mente dos indecisos.. dos que reagem tardiamente.. dos Egoístas!
Saudosismo dos fracos e egocêntricos..
Não vê que seu saudosismo me consome..agoniza? Agonia..Angústia...angustia..
Agradeço imensamente pelo meu coração que bate
reprimido.. espremido..oprimido pelo seu querer ofensivo..
O seu saudosimo é cinza como o que seria e não pôde ser,
como o brilho enegrecido dos meu olhos,
o meu niilismo..
Dor é o que me provoca..
quinta-feira, julho 13, 2006
O Quadro-Negro de Lenine
Aos montes, sob as pontes, sob o sol
Sem ar, sem horizonte, no infortúnio
Sem luz no fim do túnel, sem farol
Sem-terra se transformam em sem-teto
Pivetes logo se tornam pixotes
Meninas, mini-xotas, mini-putas, de pequeninas tetas nos decotes
Quem vai pagar a conta?
Quem vai lavar a cruz? O último a sair do breu,
acende a luz
No topo da pirâmide, tirânica
Estúpida, tapada minoria
Cultiva viva como a uma flor
A vespa vesga da mesquinharia
Na civilização eis a barbárie
É a penúria que se pronuncia
Com sua boca oca, sua cárie
Ou sua raiva e sua revelia
Quem vai pagar a conta? Quem vai lavar a cruz?
O último a sair do breu, acende a luz
O que prometeu não cumpriu..
O fogo apagou, a luz extinguiu...........