quarta-feira, fevereiro 28, 2007

Será que Se?

Quem nunca se perguntou se se, e por quê?

Se [Alice Ruiz]

se por acaso
a gente se cruzasse
ia ser um caso sério
você ia rir
até amanhecer
eu ia ir até acontecer
de dia um improviso
de noite uma farra
a gente ia viver
com garra

eu ia tirar de ouvido
todos os sentidos
ia ser tão divertido
tocar um solo em dueto

ia ser um riso
ia ser um gozo
ia ser todo dia
a mesma folia

até deixar de ser poesia
e virar tédio
e nem o meu melhor vestido
era remédio

daí vá ficando por aí
eu vou ficando por aqui
evitando
desviando
sempre pensando
se por acaso
a gente se cruzasse...

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

Um pílula, outro não

Mas eu tenho pena mesmo
é de Lia Maria
Cujo relógio do tempo
assim como o peito
Andam descompassados


Eu me chicoteio num dia nem tão frio assim
Um cigarro é tudo o que eu tenho. E uma música triste no rádio.
Lá fora as folhas balançando, folhas amarelas prontas a se despedaçar.
Só uma janela, uma janela me separa das folhas e da fumaça do cigarro
misturada a do incenso vagabundo dançando pelo ambiente e que, no
fundo, são bem mais livres do que eu.
Só quero sair, dar uma volta lá fora.. Mas que diabos!
Porque não vê sentido em nada do que faz?
Até quando? Até quando vai se enganar? Até quando esse
vazio todo irá me corroer.
As folhas balançam mais fortes.
Algo grita, não são as crianças lá fora.
Até onde vai isso, meu Deus?
Quando vai perceber que não há nem nunca vai haver lugar.
Fica sempre repetindo as coisas pra você mesma acreditar na sua vida de mentira,
que não pode enfrentar sem se doer toda.
Uma errante, fútil, egoísta... Egocêntrica de consciência pesada.