terça-feira, novembro 28, 2006

"Dentro da Noite Veloz" ou "Na Vertigem do Dia" *

Olá, como vai?
Eu vou indo, e você, tudo bem?
Tudo bem, eu vou indo correndo
Pegar meu lugar no futuro. E você?
Tudo bem, eu vou indo em busca
De um sono tranqüilo, quem sabe?
Quanto tempo...pois é, quanto tempo...
Me perdoe a pressa
É a alma dos nossos negócios...Oh! não tem de quê
Eu também só ando a cem
Quando é que você telefona?
Precisamos nos ver por aí
Pra semana, prometo, talvez nos vejamos
Quem sabe?
Quanto tempo...pois é, quanto tempo...
Tanta coisa que eu tinha a dizer
Mas eu sumi na poeira das ruas
Eu também tenho algo a dizer
Mas me foge a lembrança
Por favor, telefone, eu preciso beber
Alguma coisa, rapidamente
Pra semana...
O sinal...eu procuro você...
Vai abrir...
Prometo, não esqueço
Por favor, não esqueça
Adeus,Não esqueço, adeus

[Sinal Fechado - Paulinho da Viola]
*duas obras de Ferreira Gullar

quinta-feira, novembro 16, 2006

Silencio

Näo hà caridade
nem nunca houve
Todos sabemos
sobre os preços que
comandam as trocas
Trocas nem sempre
se fazem na mesma
proporçâo
medidas
desmedidas
A alteridade reforça
a identidade esteriotipada
estigma
porque säo estigmatizadas?
por que estigmatizam?
que porra è essa?
Sò a realidade
senta-te,
hà uma garrafa de ilusäo
sobre a mesa da mentira
pega teu copo
acende teu careta
que a hipocrisia tem seguido seu
reinado
Näo reines
nem tampouco sejas sùdito
pega as poucas pratas que ainda restam
vais ver o mar, vais ouvir a chuva
pöe teu nariz de palhaço
que a pessoa è para o que nasce
e isso ninguèm ensina
derrubas o rei a teu modo.

sexta-feira, novembro 10, 2006

Andanças

Pescadora de Ilusões em mais uma andança
Andando pelo mundo, divertindo gente
se divertindo
sentindo saudade
pensando em quem poderia estar fisicamente presente
pra dividir a alegria

Anoiteceu, eu preciso ir
Vou ser feliz e já volto...

domingo, novembro 05, 2006

Caminhos


Você me pergunta aonde eu quero chegar,
se há tantos caminhos...

O caminho do fogo é a água
Assim como
O caminho do barco é o porto
O caminho do sangue é o chicote
Assim como
O caminho do reto é o torto
O caminho do risco é o sucesso
Assim como
O caminho do acaso é a sorte
O caminho da dor é o amigo
O caminho da vida é a morte

[Caminhos - Raul Seixas]

E talvez hoje meu caminho fosse
aquele das árvores crescendo
e do casal de corujas marrons com
os três filhotes cinzas
A chuva caindo despreocupada
o frescor do vento
e os pés descalços
ouvindo histórias.

sexta-feira, novembro 03, 2006

A negação

Não, obrigada. Não freqüento leilões, principalmente quando
os lances são medidos pelo melhor disfarce de lobo em pele de cordeiro.
Não, não sou lobo e muito menos tenho pele de cordeiro.
Não, agradeço. Mas não me interesso por títeres,
nem de sê-los ou movê-los.
Desculpe-me, mas recusarei jogos e doçuras transbordando sordidez.
Não, não me interesso. Não, não me disponho.
Não costumo acender velas para Deus e para o diabo simultaneamente.
Não, me incomodo. Detesto sutilezas incoerentes
quero antes a existência nua e crua sem difarces agradáveis que mascarem a violência e mesquinhez contida.

Vamos pedir piedade, senhor piedade

que toquem o blues da piedade
porque eles sabem o que fazem
Mas não percebem tal ridícula
demonstração de estupidez.

[Visceralmente escrito em abril de 2006, politicamente aplicável em outubro de 2006.]

Resposta

Ressucitando naufrágios

à Lucena em profundo estarrecimento

Uma pena! Falta de entendimento e aproveitamento...
Tantas coisas em comum, não comuns..
Presentes, contas, conchas, confetes..
livros, velas, flores, colares..
Amor de mentira, de verdade, descobertas...
Eu não disse, mas avisei que um dia me cansaria..
Talvez tenha chegado ou não o dia.
O meu esforço sem o seu, o meu amor e não o seu.. A tentativa, a esperança, palavras de conforto, ilusões todas rebatidas, arrebatadas
por sua verdade intransigente absoluta..
Minha perda de controle em silêncio.
Talvez a indiferença fosse desejada.. Pura carência? Revestida de mágoa e descrença por esse mundo mudo?
Mas não foi só o mundo, agora fui eu quem emudeci. E não poderei, talvez, acenar no porto para você, porque na verdade, quem vai partir sou eu..
Tudo, tudo, tudo, esse todo transformado em coisa alguma, porque antes de começar já havia acabado, não é?
Os irmãos sonhadores transformados em meros desconhecidos desprovidos de qualquer empatia.
Mas não foi só você, eu também arquitetei a ruína.
E eu não disse, apesar de ter avisado..

quinta-feira, novembro 02, 2006

por Rubens Bias

Viver não Existe???

A ausência da evidência não é a evidência da ausência, como repetiu aquele sábio homem inspirado por um astrônomo, ou não...

Primeira experiência teatral da Trupe do Urubu, segunda experiência de uma pisciana típica ou torta, como quiser, apaixonada por Clarice Lispector, atormentada com questões existencias, crises identitárias, questões de alteridade, além das questões de passividade e transformação em constante mutação, mas sempre em busca de ações para melhoras mesmo que sejam na instância do micro, ou seja, buscando o processo; ou não..