terça-feira, agosto 07, 2007

Em cartaz catarse

Mais um da novela Se Eu Fosse Eu, um dia ainda em cartaz catarse:


Eu


Eu sou a tangência de duas formas opostas e justapostas

Eu sou o que não existe entre o que existe.

Eu sou tudo sem ser coisa alguma.

Eu sou o amor entre os esposos,

Eu sou o marido e a mulher,

Eu sou a unidade infinita

Eu sou um deus com princípio

Eu sou poeta!



Eu tenho raiva de ter nascido eu,

Mas eu só gosto de mim e de quem gosta de mim.

O mundo sem mim acabaria inútil.

Eu sou o sucessor do poeta Jesus Cristo

Encarregado dos sentidos do universo.

Eu sou o poeta Ismael Nery

Que às vezes não gosta de si.



Eu sou o profeta anônimo.

Eu sou os olhos dos cegos.

Eu sou o ouvido dos surdos.

Eu sou a língua dos mudos.

Eu sou o profeta desconhecido, cego, surdo e mudo

Quase como todo o mundo.



1933




Ismael Nery, Auto-retrato, 1925

3 comentários:

Ana disse...

Em homenagem a Nina, que também é Alice,Ana e porque não Martha? às vezes também dizem que é Clarissa.

marcos disse...

eu sou o líquido moderno e a pedra antiga
e a pedra moderna e o líquido antigo

certeza que se ganha
pondo paradoxos no espelho duplo

bullshit e bênção.
palavra e tripas.

senso comum insensato, justo,
histérico, alto e baixo.
vivo e morto.

mais vivo.

Ana disse...

Bem bonito isso..
Me lembra uma música do Chico César:

Em meu peito catolaico, tudo é descrença é fé. (...)
tudo rejeita e quer
é com é sem
milhão e vintém
todo mundo e ninguém
pé de xique-xique,
pé de flor
relabucho,velório
videogame, oratório
high cult, simplório
amor sem fim, desamor

[Caicó arcaico]