Mais um da novela Se Eu Fosse Eu, um dia ainda em cartaz catarse:
Eu
Eu sou a tangência de duas formas opostas e justapostas
Eu sou o que não existe entre o que existe.
Eu sou tudo sem ser coisa alguma.
Eu sou o amor entre os esposos,
Eu sou o marido e a mulher,
Eu sou a unidade infinita
Eu sou um deus com princípio
Eu sou poeta!
Eu tenho raiva de ter nascido eu,
Mas eu só gosto de mim e de quem gosta de mim.
O mundo sem mim acabaria inútil.
Eu sou o sucessor do poeta Jesus Cristo
Encarregado dos sentidos do universo.
Eu sou o poeta Ismael Nery
Que às vezes não gosta de si.
Eu sou o profeta anônimo.
Eu sou os olhos dos cegos.
Eu sou o ouvido dos surdos.
Eu sou a língua dos mudos.
Eu sou o profeta desconhecido, cego, surdo e mudo
Quase como todo o mundo.
1933
Ismael Nery, Auto-retrato, 1925
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3 comentários:
Em homenagem a Nina, que também é Alice,Ana e porque não Martha? às vezes também dizem que é Clarissa.
eu sou o líquido moderno e a pedra antiga
e a pedra moderna e o líquido antigo
certeza que se ganha
pondo paradoxos no espelho duplo
bullshit e bênção.
palavra e tripas.
senso comum insensato, justo,
histérico, alto e baixo.
vivo e morto.
mais vivo.
Bem bonito isso..
Me lembra uma música do Chico César:
Em meu peito catolaico, tudo é descrença é fé. (...)
tudo rejeita e quer
é com é sem
milhão e vintém
todo mundo e ninguém
pé de xique-xique,
pé de flor
relabucho,velório
videogame, oratório
high cult, simplório
amor sem fim, desamor
[Caicó arcaico]
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